E eis que cai a máscara de Elon Musk poucos dias depois dele comprar a rede social Twitter com o propósito de torná-la livre para a disseminação de ideias e assim, ser de fato, uma “mídia livre”. Para mostrar seu propósito, começou logo desbloqueando a conta do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, agora, deu ban em vários jornalistas que o criticam, além de suspender o Twitter Space, local destinado na plataforma para rodas de conversas.
E qual o motivo real do Elon Musk ter banido os jornalistas? Segundo Musk, ele os baniu porque eles colocarem a família do empresário em risco. Se de fato a justificativa fossse mesmo essa, até concordaria, mas o que eles fizeram foi apenas mostrar as localizações do Elon Musk a partir de dados públicos disponibilizados pelas próprias redes sociais e de conhecimento geral. Ou seja, eles apenas divulgaram informações públicas de forma organizada. Sem contar, que quem fez a organização dos dados não foram os jornalistas.
Logo após ele dar ban nos jornalistas, Elon Musk organizou uma enquete no Twitter perguntando aos usuários se ele deveria restabelecer as contas agora ou em uma semana. Quase 59% dos 3,69 milhões de participantes votaram para fazê-lo imediatamente. Aí, não satisfeito, ele resolveu fazer outra enquete.
Com esse ato autoritarista, Musk gerou indignação e advertências da União Europeia (UE) e das Nações Unidas (ONU) depois de suspender as contas dos jornalistas, alguns de veículos como CNN, The New York Times e The Washington Post, além de tirar o Twitter Space do ar.
Twitter Spaces fora do ar
Também ontem, uma outra ação autoritária do Elon Musk causou repulsa em quem trabalha com comunicação séria. A repórter do BuzzFeed, Katie Notopoulos, fez uma sala no Spaces para conversar sobre as suspensões. Ainda segundo a fonte, o jornalista Matt Binder, do Mashable, e Drew Harwell, do Washington Post — dois nomes que foram suspensos — conseguiram entrar na sala para conversar, mesmo após receberem a notificação de que ficariam sete dias “banidos” da rede social.
Assim que Musk percebeu que os jornalistas estavam no ambiente feito por Notopoulos, ele entrou na conferência e informou que qualquer pessoa que divulgasse alguma notícia sobre o local de seu jato seria suspenso. Logo depois, a empresa tirou o Twitter Spaces do ar. Musk não forneceu evidências sobre suas reclamações e disse a alguns dos jornalistas afetados – que puderam participar dos espaços de discussão da plataforma – que não receberiam tratamento especial por serem repórteres.
— Todo mundo vai ser tratado da mesma forma (…) Vocês não são especiais porque são jornalistas — disse o empresário.
Mas ao ser questionado a dar mais detalhes sobre suas acusações, Musk decidiu encerrar a discussão e abandonou o fórum. O Twitter chegou a suspender o Spaces, mas o serviço voltou a funcionar ainda na noite de sexta-feira.
Em uma série de tweets na noite de sexta-feira, o Twitter disse ter identificado várias políticas em que a suspensão permanente era uma ação “desproporcional” por quebrar regras.
A conta de alguns dos jornalistas suspensos voltaram a ser reativadas.
A empresa disse que as contas restabelecidas ainda precisam cumprir suas regras. “A suspensão permanente continua sendo uma ação de execução para violações graves”, afirmou. O Twitter afirma que começou a restaurar contas que foram suspensas por quebrar as regras da plataforma e a empresa planeja restabelecer mais perfis nos próximos 30 dias.
O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos disse neste sábado que a decisão de Musk de restaurar as contas de vários jornalistas é bem-vinda, mas alertou que “sérias preocupações” permanecem.
“É uma boa notícia que os jornalistas estejam sendo reintegrados no Twitter, mas permanecem sérias preocupações”, afirmou Volker Turk na plataforma, cobrando o proprietário do Twitter a “se comprometer a tomar decisões com base em políticas acessíveis de forma pública e que respeitem os direitos, incluindo a liberdade de expressão”.
E assim, mais um capítulo de Elon Musk é escrito. Não falem de mim ou eu te dou ban. Típico menino mimado que quando perde uma partida de futebol, leva a bola pra casa pois é o dono da bola.