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Consequências do cyberbullying por trás do meme “Já acabou, Jéssica?”

Em 16 de novembro de 2015, um vídeo viralizou de norte a sul no Brasil e apontava uma briga na saída da Escola entre duas meninas da pequena cidade do Alto Jequitibá, na região da Zona da Mata, em Minas Gerais, e que possuia um pouco mais de 7 mil habitantes. De um lado estava a Lara da Silva e a outra a Jéssica Anselmo.


A Lara tinha apenas 12 anos de idade quando a briga aconteceu e ao se levantar após alguns puxões de cabelo, arranhões, chutes proferidos e a outra garota correr, plena, Lara arruma seu cabelo ainda meio desorientada e olha para sua amiga Jéssica e fez a pergunta que virou bordão, meme nacional e marcou pra sempre a sua vida : “Já acabou, Jéssica?”.

Consequências do cyberbullying por trás do meme "Já acabou, Jéssica?"

Consequências do cyberbullying por trás do meme “Já acabou, Jéssica?”

As agressões físicas se encerraram ali e o principal motivo da briga teria sido o ciúme que Jéssica tinha de um garoto com quem namorava na época. Jéssica teria visto Lara conversando com ele e ficou com ciúmes e foi então que partiu pra cima da amiga. O caso viralizou, fez sucesso nas redes sociais e foi usado até em campanhas -a Polícia Militar de Minas Gerais foi uma das instituições a usar a cena para lembrar que agressão é contravenção penal.

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No outro dia os pais das meninas foram chamados à escola, elas selaram a paz e o Brasil logo logo esqueceria, porém, não foi bem isso que aconteceu com a Lara na cidade. Agora, após 6 anos do ocorrido, ela finalmente foi ouvida. E por trás desse episódio tem ainda marcas de muita dor.

O retorno à sala de aula após o vídeo viralizar foi dramático para Lara. “Não consegui estudar, porque me zoaram muito e eu fiquei muito mal com isso”, diz a jovem. Ela comenta que as pessoas a ofendiam e riam da pergunta “já acabou, Jéssica?”, que passou a ser repetida massivamente em todo o país. Ali, começou o tormento de Lara

Quando perceberam que a filha estava abalada, os pais tiraram a garota da escola. Lara foi proibida pela mãe de acessar a internet ou assistir à televisão, pois Deusiana não queria que a menina corresse o risco de acompanhar comentários sobre a briga.

Nas vezes em que saía nas ruas, ela costumava ser reconhecida e ouvir comentários sobre o vídeo.

Os cortes, segundo ela, eram um meio de tentar aliviar o momento que estava vivendo. “Depois da primeira vez, virou um vício. Passei a me cortar cada vez mais fundo e em mais lugares. Quando acontecia alguma coisa, como quando via alguém debochando de mim na rua ou acontecia algo que me deixava triste, eu me cortava”, relata. Ela fazia marcas nos braços e em algumas partes das pernas.

Há seis ações movidas por Lara, que têm como alvos: o Google, o Facebook, as emissoras de televisão SBT, Record e Band e dois rapazes que criaram um game baseado no vídeo da briga.

Enquanto o vídeo permanece na rede, ao menos um fato traz alívio para Lara: as abordagens ofensivas ou jocosas sobre a situação reduziram cada vez mais nos últimos anos. A esperança dela é de que, em algum momento, pare de ser alvo de piadas por causa da situação.

O lugar em que mais se depara com comentários sobre o episódio de novembro de 2015 é o Instagram, onde acumula mais de 40 mil seguidores — a imensa maioria composta por desconhecidos, curiosos para acompanhar o que aconteceu com ela.

Hoje, Lara tem 18 anos. Ela trabalha como auxiliar de limpeza e cuidadora de idosos. No futuro, planeja cursar farmácia ou enfermagem. “Gosto de cuidar de pessoas doentes”, diz.

Quando a questionam sobre o que ter se tornado meme trouxe para ela, Lara é enfática: muito bullying, depressão e falta de confiança em si e nas pessoas.

“Eu tenho marcas que não mudaram em nada a minha vida. Não fiquei rica ou pobre. Só tenho marca”, afirma Lara.

 

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Sobre Marcus Pessoa

Nascido em Manaus, sou designer e empreendedor, focado em cultura amazônica, comunicação digital, economia criativa, turismo e empreendedorismo.
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