O Facebook anunciou novas medidas de transparência para anúncios exibidos na rede social. A principal delas é sobre as propagandas políticas e eleitorais.
A partir de julho no Brasil, anúncios de candidatos no Facebook serão categorizados como políticos e agregados em um arquivo de propaganda eleitoral. A novidade será em duas fases: primeiramente com uma inscrição dos políticos, em julho, e para visualização dos usuários em agosto, quando começa oficialmente a campanha eleitoral no Brasil.
Nos EUA, onde a ferramenta já funciona, a URL facebook.com/politicalcontentads mostra uma busca para encontrar anúncios políticos por palavra-chave. Os resultados podem ser filtrados por anúncios ativos ou inativos, ou por tipo: com conteúdo político ou notícias promovidas (para obter mais alcance).
Chamada “Categorização de Anúncios Políticos”, a novidade quer trazer informações mais claras aos eleitores no período que antecede o pleito de outubro, que elegerá o novo presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais em todo o país. Tal ferramenta foi implementada primeiramente nos Estados Unidos, em maio. O Brasil é o segundo país a usá-la.
“É uma ferramenta nova, então ainda estamos vendo mais detalhes e devemos obter mais feedback para aperfeiçoar”, disse a chefe operacional Sheryl Sandberg. A divulgação da novidade ocorreu por videoconferência para jornalistas nos escritórios do Facebook em São Paulo, Menlo Park, Nova York e Cidade do México.
Segundo Sandberg, a rede social vem aumentando bastante seus esforços para reduzir abusos na rede social desde 2016, ano em que Donald Trump foi eleito presidente dos EUA.
“Estamos procurando mais contas falsas. Fizemos muito isso nas eleições na França e [no Estado americano de] Alabama, além dos checadores de fatos”. Entretanto, a executiva não mencionou nada específico ao problema na Rússia. Também reforçou que os atrasos na checagem ainda ocorrerão, devido à necessidade da equipe do Facebook apurar os detalhes das denúncias de abusos e obter cópias dos documentos dos envolvidos.
Como demonstra o vídeo, todos os anúncios políticos serão identificados como tal com uma marcação, acompanhados de uma descrição de quem pagou para impulsionar tal conteúdo. Quem terá direito a essa marcação são os candidatos, partidos e coligações autorizadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para participar das eleições.
Ao clicar em um anúncio específico, aparecem mais detalhes sobre ele, como a idade do público alcançado, os locais com mais acesso, quem pagou por ele e uma estimativa do valor investido no anúncio. O Instagram e o Facebook Messenger também receberão o mesmo grau de transparência em anúncios. Embora seja uma grande fonte de informação para brasileiros, o WhatsApp ficará de fora já que utiliza mensagens criptografadas.
A empresa visa, com essas medidas, minimizar a atuação de “pessoas mal-intencionadas” que “podem abusar” dos produtos do Facebook. Em um comunicado, ela diz que este é só um começo do aperfeiçoamento da clareza de como os anúncios são distribuídos pela plataforma.
Como a legislação da eleição americana é diferente da brasileira, não sabemos ainda quais detalhes serão mostrados na versão tupiniquim do recurso. Outros detalhes da atuação da nova ferramenta especificamente para o Brasil serão divulgados nas próximas semanas.
“Essa transparência é boa para todos. O espírito é promover o uso correto da plataforma”, complementou Diego Dzodan, vice-presidente do Facebook na América Latina. “Sempre haverá pessoas mal-intencionadas na plataforma, mas estamos tentando minimizar os riscos”.
Segundo a equipe de comunicação do Facebook, ainda cabe ao TSE apurar determinados tipos de abusos, como entidades e pessoas não cadastradas realizando propaganda dissimulada.
Também funciona no Brasil desde maio no Facebook a checagem de fatos de notícias, realizadas pela Agência Lupa e Aos Fatos, que chegou a receber críticas de grupos de direita, que acusaram a checagem de “censura”.
Informações e anúncios
Fora isso, também foram apresentadas novidades como a capacidade de checagem de anúncios ativos de páginas comuns. Somado a isso, usuários poderão encontrar mais informações referentes a tais páginas, como a data em elas que foram criadas ou alterações de nome.
Apesar de servir para todas as categorias de páginas, essa ferramenta também será útil no período eleitoral, já que páginas populares que tentarem mudar de nome e de viés sem avisar aos seguidores agora poderão ser “deduradas.”
A ferramenta já está ativa a partir desta quinta-feira, tanto na versão desktop do Facebook quanto no aplicativo. Um exemplo disso é que na página de informações de anúncios do MDB Nacional, é possível ver que apesar de ter sido criada em 2009, ela mudou de “PMDB Nacional” para “MDB Nacional”, em virtude da própria mudança de nome do partido no final de 2017.
Fonte : Uol