Infelizmente ou não, estamos caminhando a passos largos dentro do mundo tecnológico. Porém, é necessário sempre estarmos atento não apenas conosco, mas com as outras pessoas também. Costumo dizer que na internet se escreve de caneta. Tudo que você faz, um dia reaparece. E é justamente por vivermos submersos numa sociedade de Informação caracterizada pela utilização das novas tecnologias, que como forma negativa, também herdamos a questão do bullying, só que agora em dimensão descomunal através da internet devido os computadores em linha.
Por isso, precisamos redobrar a atenção e nosso aprendizado em relação ao Cyberbullying. O Cyberbullying é o ato de exercer violência através da internet ou de tecnologias relacionadas. Essa violência, pode ser desencadeada de várias formas.
No Brasil e em diversos países convencionou-se que o termo cyberbullying será usado somente na relação entre pares, o que significa, por exemplo, que não há cyberbullying entre aluno e professor.
Caso um professor venha a sofrer agressões nas redes sociais por parte de um aluno ou por um grupo de alunos, o fato será considerado um crime contra a honra, passível de indenização por danos morais, caracterizando-se um crime cibernético e não cyberbullying, uma vez que não ocorreu entre pares.
Como podem perceber, o cyberbullying é muito complexo. Por isso, listei aqui apenas as principais formas de Cyberbullying e tentei explicá-la de forma que você possa entender o que estamos enfrentando.
Flaming (Provocação on-line)
O Flaming, pra quem é pouco habituado com o tema pode identificar, a princípio, que é simplesmente como uma acalorada discussão virtual entre dois ou mais indivíduos em discordância sobre pontos polêmicos. Entretanto, uma observação mais profunda do fenômeno será capaz de revelar graus em que a prática assume contornos mais violentos de cyberbullying, já tendo levado, em algumas sociedades, pessoas ao suicídio, à demissão do emprego, ao abandono familiar, à evasão escolar etc.
O Flaming consiste no envio de mensagens vulgares ou que mostram hostilidade em relação a uma pessoa. Essa mensagem pode ser enviada para um grupo on–line ou para a própria pessoa hostilizada – via e-mail, redes sociais ou SMS (torpedo). As mensagens são chamadas flames (chamas ou labaredas), pois visam provocar a vítima.
Durante as eleições de 2018, o índice de Flaming foi o maior já registrado no Brasil. As pessoas estavam se descontrolando e xingando até mesmo parentes próximos.
O Flaming não tem hora nem local pra acontecer, aliás, essas trocas intensa de ofensas acontecem sempre em locais públicos na Internet, redes sociais, salas de chat, ou através dos chats característicos de alguns jogos online interativos.
O fenômeno ainda é pouco estudado e por isso requer ainda mais atenção.
Happy Slapping (Bofetada Feliz)
o Happy Slapping é um termo nascido em Londres que faz uma combinação do bullying (agressão física) com o bullying digital (agressão virtual), podendo ser traduzido como “bofetada divertida” ou “bofetada feliz”.
Neste caso, a vítima sofre diversos tipos de agressões e humilhações, muitas vezes é segurada à força, imobilizada, retida ou agredida fisicamente por co-autores ou auxiliares enquanto o autor faz as filmagens ou fotografias, registrando tais atos para depois disponibilizá-los nas redes sociais.
Quando um episódio de agressão ou de humilhação entre jovens é gravado e posteriormente colocado online e compartilhado por uma larga audiência é quando acontece o “Happy Slapping”.
Esse tipo de Cyberbullying é muito comum nas portas das escolas ou até dentro. As consequências são devastadoras, pois a pessoa se sente agredida sempre que assiste, sempre que alguém compartilha é como se ela fosse novamente agredida. A humilhação faz vítimas de suicídio.
Cyberstalking (Perseguição Praticada Pela Rede)
O termo Cyberstalking vem do inglês stalk, que significa “caçada”, e consiste no uso das ferramentas tecnológicas com intuito de perseguir ou ameaçar uma pessoa. É a versão virtual do stalking, comportamento que envolve perseguição ou ameaças contra uma pessoa, de modo repetitivo, manifestadas através de: seguir a vítima em seus trajetos, aparecer repentinamente em seu local de trabalho ou em sua casa, efetuar ligações telefônicas inconvenientes, deixar mensagens ou objetos pelos locais onde a vítima circula, e até mesmo invadir sua propriedade.
Quando o assédio se torna insistente e ameaçador. Neste caso, para além das ameaças à vítima, estas podem evoluir para a publicação e compartilhamento de conteúdo privado pela rede.
No caso de uma pessoa estar sendo vítima de cyberbullying e cyberstalking, a vítima deve fazer um boletim de ocorrência em delegacia, com a indicação do suspeito, se houver. É importante que a vítima jamais apague o conteúdo. Armazene o conteúdo, tire prints do material, com data e horário, e guarde isso tudo. Materialize a prova, isso será essencial para uma briga judicial.
Apartheid Digital (Exclusão)
O Apartheid Digital ou Exclusão, relacionado ao cyberbullying, é quando uma pessoa é “tirada” de alguma situação. Isso pode se dar através do menosprezo da participação de alguma pessoa em grupos online, devido a suas características e peculiaridades.
Um exemplo rápido para os dias atuais é a quando há a expulsão de alguém de grupo de Whatsapp. Ou no caso da não exclusão da pessoa,o grupo online se une e utiliza a Internet/salas de chat para ficar tirando uma pessoa, excluindo ou denegrindo um outro utilizador.
Sexting (Envio imagens íntimas por mensagem)
O sexting é um dos principais vilões do cyberbullying, inclusive, foi um dos motivos da aprovação da Lei Brasileira 12.737/2012 conhecida popularmente como Lei Carolina Dickman, sancionada em 30 de novembro de 2012 pela ex-presidente Dilma Rousseff, que promoveu alterações no Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei 2.848 de 7 de dezembro de 1940), tipificando os chamados delitos ou crimes informáticos.
O termo Sexting, tem origem inglesa, surgida da contração de “sex” (sexo) e “texting” (textos) e que consiste em difundir ou publicar conteúdos eróticos, principalmente fotos e vídeos, via mídias eletrônicas.
O autor invade a privacidade da vítima e rouba fotos íntimas de seus arquivos pessoais ou, muitas vezes, chega a manipular aquelas já conhecidas para divulgá-las na internet.
O sexting geralmente acontece após o fim de uma relação amorosa: uma das partes, sentindo-se ofendida, desprezada ou mesmo com raiva e por não aceitar o fim do relacionamento, divulga via redes sociais, fotos íntimas do casal na tentativa de se “vingar” da outra parte.
O Sexting é o envio por celular de imagens de alguém nu, seminu ou em ação sexual. O envio pode ser feito pelo próprio protagonista da imagem ou por terceiro.
Ainda que inúmeros estudos tenham trabalhado a forma, a extensão e o impacto do cyberbullying na vida de vários adolescentes, nos últimos anos ou recentemente, faz-se importante lembrar que tais conclusões irão ajudar a entender somente parte desse quebra-cabeça.
Tudo isto porque é necessário observar a vivência dos adolescentes, o conjunto de influências que levam a tal “arte” e as reações que podem desencadear ou servir de modelos para novas reações, num curto espaço de tempo.