Ontem (20) fui ao Cemitério Tarumã, na verdade fui ao Cemitério dos fundos do Tarumã, o Cemitério N S Aparecida. Estive para fazer companhia ao nosso amigo Tahan e acompanhar o sepultamento de seu padrasto. Esse meu amigo já perdeu primo, avó e agora quem o ajudou a criar.
O que vi foi um trator derrubando árvores para a ampliação da área destinada aos mortos por Covid-19. Vi além de máquinas, muitas pessoas envolvidas fazendo cava coletiva como se fossem topeiras em ritmo acelerado.
A retroescavadeira fez a cova, desceram o caixão, a retroescavadeira fez outro buraco ao lado e com o mesmo barro já jogava para cobrir o caixão da posição anterior. Parecia uma linha de produção.
O processo não durou 4 minutos e nosso amigo estava enterrado. Aliás, não poderia mesmo demorar. Logo atrás de nós tinham mais 7 para serem enterrados naqueles 10 minutos que estivemos lá.
Acreditem, uma das funerárias perguntou da família se queriam que abrisse o caixão e eles disseram sim. Bem ali na minha frente. Fiquei com medo e receio. A família chorando e o corpo exposto para comprovar a veracidade da morte.
Na hora que chegamos perto do local que o nosso amigo seria enterrado, ainda tinha um carro funerário com mais 4 caixões aguardando a vez de abrir para a retirada dos corpos e mais choro alto de quem perdia um ente querido.
Agradeço por tudo que o Brandão fez por mim em Tefé, pedi que Deus o acolhesse. Pedi que Deus nos protegesse e que eu não tenha me infectado. Tomei todos os cuidados possíveis. Usei bastante álcool gel enquanto estive lá. Não coloquei nenhum momento as mãos no rosto. Mantive distância mínima de segurança. Me mantive de máscara até voltar para o escritório, tomar banho e isolar minha roupa e sapatos em uma sacola. Lavei os tapetes do carro e passei álcool e água sanitária em tudo.
A verdade é que ainda estou muito apreensivo e assustado com tudo que vi. Escrevo apenas como testemunho de quem esteve perto e viu a situação. Amigos, aquilo está uma coisa de louco. Não vacilem. Não queiram isso para a sua família.