E aí, pessoal, tudo bem? Você já parou pra pensar sobre as diferenças históricas entre o Largo São Sebastião e o Calçadão de Copacabana? Sou Marcus Pessoa, e no vídeo de hoje vou falar pra vocês sobre essas calçadas brasileiras tão conhecidas internacionalmente e que possuem diferenças históricas.
Durante muitos anos as calçadas portuguesas foram marco de beleza e riqueza no mundo inteiro. Em Lisboa, desde 1842 já se usavam mosaicos nas calçadas e praças como os da praça D. Pedro IV que tem o mesmo desenho que inspirou as calçadas do Largo São Sebastião e também do Calçadão de Copacabana. Essa calçada encontrada na Praça do Rossio teve seu traçado escolhido para homenagear o encontro das águas doces do Rio Tejo com as águas salgadas do Oceano Atlântico.
Composta de pedras de calcita branca e basalto negro, a calçada Portuguesa teve o seu início em meados do século XIX com uma tecnologia de construção e uma herança histórica semelhante aos mosaicos Romanos. A calçada é o tipo de pavimento mais usado em espaços públicos e principalmente em passeios, não só em Portugal mas também em países lusófonos (ex-colónias portuguesas).
Essas primeiras calçadas foram executadas por presidiários, chamados na época de “grilhetas”. Atualmente, em Portugal, os trabalhadores especializados na colocação deste tipo de calçada são denominados mestres calceteiros.
Com a popularidade e o aperfeiçoamento, outros países lusófonos, como o Brasil, trouxeram essas formas para cá. Existem várias cidades brasileiras que possuem essa marca registrada das calçadas portuguesas, porém, focarei nesse vídeo apenas nas diferenças históricas entre a calçada manauara e a calçada carioca.
Quando chega no Brasil, muitas das vezes tem quem diga que “Manaus copiou o Rio de Janeiro”. Isso não é verdade. As pessoas que falam isso, às vezes não falam nem por maldade, mas por pura ignorância e por isso decidi fazer esse vídeo pra esclarecer um pouco e contar sobre elas.
O primeiro passo é lembrar do Brasil no início do século XX, no qual Manaus vivia o auge do ciclo econômico da borracha e tinha tudo que desejava, transformando-se assim em uma cidade moderna com características europeias e com as mesmas benfeitorias que chegavam ao Rio de Janeiro, a então capital federal. Entre as benfeitorias, a calçada portuguesa que compõe o Largo São Sebastião e ainda hoje um dos principais cartões postais de Manaus.
A calçada do Largo São Sebastião, localizada em frente ao Teatro Amazonas, foi finalizada em 1901, mas já estava planejada desde 1880. Para nós, amazonenses, o desenho tem a mesma conotação de encontro das águas aplicada em Lisboa. Ele simboliza o encontro da água escura do Rio Negro com a água barrenta que chega pelo Solimões, vale lembrar que esses dois rios levam quilômetros correndo paralelamente até se misturarem completamente, formando assim o rio Amazonas.
No Rio de Janeiro, a história é um pouco mais complexa. O calçadão da orla da Praia de Copacabana foi inaugurado em 1905, portanto quatro anos depois do pavimento manauara. Outra coisa é que no início, os desenhos eram diferentes, a principal diferença é que ele era uma faixa muito estreita e o desenho corria de forma perpendicular ao mar. Porém, na década de 1920, as águas do mar invadiram a orla e a calçada carioca foi destruída. Assim, eles reconstruíram um novo passeio nos anos 30 e dessa vez seguindo o modelo amazonense.
As calçadas também tiveram sua orientação alterada, e passaram a ser paralelas ao mar.
Mais pra frente, durante a grande reforma dos anos 70, o calçadão sofreu nova intervenção e foi feito o alargamento e duplicação das pistas, a ampliação da extensão da faixa de areia, e na qual entrou a figura do paisagista Roberto Burle Marx mantendo o desenho anterior, uniformizando a orientação e a amplição do tamanho das ondas, fazendo-as condizentes com a largura da nova calçada.
Então, sempre que você ver alguém falar que Manaus copiou o Rio de Janeiro, diga-o que isso não existe, além disso, por tratar-se e um estilo arquitetônico ‘da moda’, na época, hoje estes calçadões são pontos turísticos nas duas cidades “encontro das águas” ou “ondas do mar”‘ e dão o ar nostálgico e ao mesmo tempo contemporâneo a quem o passeia e sente esta similaridade.