Desde que a ex-primeira dama Nejmi Jomaa Aziz, esposa do senador e ex-governador do Amazonas Omar Aziz, foi presa pela Polícia Federal na manhã da sexta-feira (19), a única coisa que me veio a cabeça foi : Agora vão pegar a galera da #RedeSolidária.
A Rede Solidária possuía como ‘fachada’ um lindo projeto social encabeçado pela Nejmi desde quando ela era a primeira dama até os dias atuais. Porém, agora que não é mais a primeira dama, parece que a tal rede solidária a abandonou. Nos tempos de ouro da Rede Solidária, mais de 20 instituições sociais, que atendem crianças e famílias carentes em Manaus, receberam doações de brinquedos e donativos das mãos da ex-primeira-dama.
Dona de um dos perfis com mais seguidores no Estado do Amazonas e uma fortíssima candidata ao cargo de deputado estadual na última eleição, era comum vê-la cobrando autoridades pelas redes sociais e as pessoas compartilhando as mensagens da Nejmi quase como se fossem robôs.
Porém, desde a véspera da sua primeira prisão, a sua rede social está abandonada. As pouquíssimas pessoas que utilizaram a hashtag #RedeSolidaria ou #RedeSolidaria2019 foram apenas para debochar do ocorrido. Os militantes da Rede Solidária mesmo sumiram.
É a materialização da máxima de que muitas pessoas só estão ao seu lado quando você tem algo pra dar em troca, mas quando não tem, ou conseguem o que querem, te abandonam.
Dois dias após a prisão em 19 de julho, no dia 21 de julho, Nejmi conseguiu o Habeas Corpus e voltou à sua mansão. Porém, nas primeiras horas da manhã de ontem (31), Nejmi Aziz, foi presa novamente pela Polícia Federal, em sua mansão, no condomínio Efigênio Sales, na Zona Centro-Sul. A prisão aconteceu após uma decisão da Justiça, que derrubou o habeas corpus que a defesa de Nejmi havia conseguido no dia 21 de julho.
Ela foi conduzida ao Instituto Médico Legal (IML), para passar por exame de corpo de delito. Nejmi foi presa na Operação Vértex, desdobramento da Maus Caminhos, no dia 19 de julho, suspeita de participar de esquema de desvio de verba pública.
A repercussão foi nacional. A revista Veja estampou a matéria : “Ex-primeira-dama e socialite Nejmi Aziz retorna ao xilindró “
A revista destaca a paixão por joias e as roupas de grifes que a Nejmi Aziz sempre gostou de exibir. Além disso, destaca-e também que segundo a Controladoria-Geral da União, foram desviados 140 milhões de reais do Sistema Único de Saúde do Amazonas ao longo desta década. Ao pedir a prisão, a Polícia Federal tem como objetivo colher provas dos crimes. O senador Omar Aziz, marido de Nejmi, seria beneficiário dos desvios, e Nejmi seria sua laranja. Ela tem 30,3 milhões de reais em patrimônio declarado, só o que ela não tinha era um emprego.
O que está acontecendo? A Operação Vertex está em curso em Manaus!
Logo no início da manhã desta sexta-feira a PF cumpriu um mandado de busca a apreensão na casa do senador Omar Aziz. Horas depois, Nejmi foi levada novamente à sede da Polícia Federal em Manaus.
Ao todo foram cumpridos oito mandados de prisão temporária em Manaus. Um último, em Brasília, está em aberto. 15 mandados de busca e apreensão, 18 mandados de bloqueios de contas de pessoas físicas e jurídicas (de aproximadamente 92,5 milhões de reais), e sete mandados de sequestro de bens móveis e imóveis.
Segundo a PF, entre as vantagens indevidas de que se tem suspeita, teria acontecido entregas de dinheiro em espécie ou por meio em negócios simulados ou superfaturados, a fim de ocultar a entrega de dinheiro dissimulado por meio de contratos de aluguel e de compra e venda.
A Operação Vertex tem ligação com a Operação Maus Caminhos?
Sim, e muito. A investigação da operação Vertex está diretamente relacionada com as outras fases da Maus Caminhos, que são: ‘Custo Político’, ‘Estado de Emergência’ e a operação ‘Cashback’.
Na operação Custo político se apurou a prática de crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de capitais e pertinência a organização criminosa. Todos praticados por cinco ex-secretários de estado, bem como diversos servidores públicos e o núcleo da organização criminosa desbaratada na primeira fase da operação.
Na operação ‘Estado de Emergência’ completava-se o núcleo político do poder executivo estadual, tendo alcançado o ex-governador, José Melo, que chegou a ser preso.
A operação Cashback investiu nas investigações do envolvimento de outras empresas em conluio, com a suspeita de que foram efetuados pagamentos embasados em notas fiscais falsas, sem a correspondente prestação de serviço, além de pagamentos por serviços superfaturados.