A palestra de abertura do II Congresso de Design do Amazonas, realizado pela Fucapi, em Manaus, no dia 5 de março de 2013, contou com a presença ilustre do escritor, teatrólogo, estudioso da cultura e muito mais, MÁRCIO SOUZA. O tema foi “DESIGN E A VALORIZAÇÃO DA AMAZÔNIA”. Márcio Souza pontuou seu discurso pelos aspectos históricos e culturais dessa valorização. Instigou a reflexão sobre conceitos como “primitivismo”, “design indígena”, “design regional”, “sustentabilidade” e outros. Adotou a palavra ARTEFATO aos se referir ao resultado do trabalho do design. E, de forma brilhante, nos fez pensar a história do Design entrelaçada à história da cidade de Manaus, não apenas por estarem situados em um mesmo período histórico, mas porque é possível encontrar marcas na cidade, que são a presença do design e da produção industrial nascendo e se instalando na cidade de Manaus, bem como em tantas outras capitais. Obrigada, Márcio Souza, por nos ajudar a pensar nessa incrível conexão!
Bem, ao usar a palavra ARTEFATO em seu discurso, Márcio Souza nos leva ao sentido desta palavra também adotada por Rafael Cardoso, historiador e autor do livro “Uma Introdução à História do Design”, da Editora Blucher. Cardoso escreveu um artigo onde conceitua artefato como “objetos produzidos pelo trabalho humano, em contraposição aos objetos naturais ou acidentais”. O conjunto desses artefatos é o que constitui a cultura material. Mas isto em um sentido mais contemporâneo da cultura material, onde os artefatos são “objetos de desejo” em uma sociedade marcada pelo consumismo. Em uma visão macro, a cidade é o espaço que reúne um conjunto de artefatos, tanto objetos produzidos pelo trabalho humano, como objetos naturais e acidentais, todos mediados pela ação do homem.
Quando começamos a investigar sobre a cidade de Manaus da época da borracha (especialmente o período clássico de 1890 a 1910), nos deparamos com a presença do design. Essa presença pode ser encontrada nos artefatos que embelezam prédios e outros logradouros públicos. Nos inúmeros artefatos que preencheram o espaço das casas dos barões da borracha e suas famílias. Na divulgação dos artefatos das lojas, impressos nos jornais. Na divulgação (cartazes) de toda a vida cultural da cidade, que acontecia no Teatro Amazonas e em hotéis como o Hotel Cassina. São indícios de uma história que ainda precisa ser escrita, o design antes do design.
Giulio Carlo Argan pensou que a história da cidade poderia ser contada a partir dos seus artefatos artísticos, dos movimentos artísticos e de toda a vida artística que acontece na cidade e escreveu o livro “História da Arte como História da Cidade”. Podemos começar a pensar em escrever essa HISTÓRIA DO DESIGN COMO HISTÓRIA DA CIDADE de Manaus. Esse pode ser um caminho!
* Texto inicialmente publicado no blog:
http://paneiro.blogspot.com.br/2013/03/historia-do-design-como-historia-da.html
* Para saber mais sobre o artigo do Rafael Cardoso que foi citado, segue o link:
Design, Cultura Material e Fetichismo dos Objetos
* Entrevista e outras fotos de Márcio Souza, no link:
http://rascunho.gazetadopovo.com.br/marcio-souza/
Até a próxima,
Evany Nascimento