Em novembro de 2013, fui com meu amigo Edlucio Castro visitar as Ruínas da Represa da Cachoeira Grande, no bairro São Jorge em Manaus, hoje (3), resolvi voltar no local com meus amigos do No Amazonas é assim Jussara Melo e Thiago Ribeiro para atualizar sobre como o local está em 2019. A experiência não foi das melhores. A entrada do local mudou de aparência após a reforma das pontes do São Jorge, além disso, mais casas foram levantadas lá no Beco Santa Terezinha, o pior de tudo mesmo, foi constatar que o “movimento” estava frenético em plenas 14h, o que não nos deixou nada confortável de prosseguir no local.
Não demorou nem 2 minutos para que coincidentemente o “líder comunitário” nos abordasse de moto e nos conduzisse pelo local. Relatei à ele que anos atrás havia estado no local e queria saber como estava, se algo mudou, se poderia de alguma forma ajudar. Percebemos que com as perguntas e com a vontade de levar gente para o monumento histórico de Manaus, não o deixou muito confortável. Então depois ele começou a conversar conosco e falar sobre as tratativas de desocupação do espaço e indenização que alguns moradores haviam recebido, mas que embora os antigos proprietários tenham saído, outros invadiram as casas indenizadas. Mais do que isso, ele nos contou os planos para que o local fosse isolado e o “Castelo” fosse mantido. O Castelo, no caso, é o prédio da Represa e Estação de Bombeamento de Águas da Cachoeira Grande que havia sido inaugurada em 1888, e que possuía 105 metros de comprimento.
Quando estive em 2013, dava para ver as ruínas imponentes do que restou do prédio, escondidas entre construções toscas que se equilibram sobre toras de madeira às margens do igarapé de águas fétidas. A casa de Máquina, que eles se referem como “Castelo”, atualmente abriga a sede do Centro Comunitário do Beco Santa Terezinha, com atividades para a comunidade. Em 2013 não entrei, mas agora em 2019 sim.
É importante salientar que contemplar essa visão já não é mais possível. Esse espaço aí, que dava pra ver as paredes laterais, foi tomado por mais casas e cortou completamente a visão do igarapé do Mindu. O local ficou ainda mais fechado e tornando-se ainda mais hostil. O prédio é bonito e importante historicamente, mas não recomendo ninguém a ir lá. Nos arriscamos muito ao tirar foto, pois a todo momento éramos vigiados por “olhos famintos”.
Sobre o local, é sabido que após a instalação do bombeamento de água na Ponte do Ismael e a construção do Reservatório do Mocó, a represa foi desativada, tornando-se um local aprazível de lazer contemplativo e passivo para a sociedade manauara que, aos domingos, costumava por lá realizar passeios e piqueniques.
A destruição do complexo, a partir da sua desativação, incluiu a retirada de pedras para a construção da piscina “Tancredo Cunha”, no Bosque Municipal, e a destruição da casa das máquinas, verificada no Governo do Dr. Álvaro Maia.
Analisando as ruínas ainda existentes e os registros iconográficos antigos, verifica-se que a edificação possui estilo medievalista e seu aspecto arquitetônico assemelha-se a um torreão, com planta de seção quadrangular, encimada por platibanda maciça com saliências retangulares, tal como um serrilhado.
Percebem-se, em suas fachadas, janelas do tipo abrir com duas folhas, provavelmente em madeira e vidro, coroadas por bandeiras em arco pleno. As esquadrias são encimadas por óculos e embasadas por aberturas em formato retangular (seteiras). O reboco em bossagem interrompida encontra-se desprendido em várias áreas, permitindo a visualização da alvenaria original em tijolos de barro, na estrutura principal, e em pedras em bloco, no embasamento.
Essa foi a primeira vez que entrei na antiga Casa de Máquinas e Turbinas. Por isso, vou postar fotos exclusivas para vocês, mas novamente: Não recomendo a visita, infelizmente hoje, o lugar está dominado por drogados, traficantes e outros estorvos. Claro que deve haver cidadãos de bens. Inclusive, pelo que percebi, eles estavam aguardando funcionários da Defesa Civil pra receber alguma ajuda.
Para que esse local seja recomendado, é necessário primeiro que o poder público encontre uma solução para essas pessoas, ou até mesmo repensar a política pública para usuários de drogas. É notório que lá mais que um problema de drogas, há um problema de saúde pública. Mas isso é uma outra discussão. Por hora, vou me ater nas fotos do local e contar a experiência que tive hoje. Confira como é o prédio por dentro.