Em 14 de outubro de 1900 morria na cidade de Manaus o maior Governador que o Amazonas já teve, o Dr. Eduardo Gonçalves Ribeiro. À Eduardo Ribeiro é atribuída a mais profunda intervenção modernista na arquitetura e nos equipamentos públicos de Manaus, no momento em que o Amazonas contava com dinheiro advindo da borracha. Porém, apesar da sua importância histórica, a verdade é que ele sempre foi “boicotado” e sofreu preconceito por ser negro, nordestino e de baixa estatura, motivos suficientes para que ocorresse a sua perseguição política por parte das elites política e econômica da época.
Para se ter ideia, soterraram seu nome do alto do Teatro Amazonas, que havia sido gravado em pedras revestidas de ouro, na lateral superior esquerda do prédio. A placa só foi redescoberta em 2012, durante obras de manutenção do Teatro Amazonas.
Eduardo Ribeiro era maranhense e conhecido como “O Pensador”, esse apelido veio porque no Maranhão, Eduardo tinha um jornal com esse nome. Eduardo chegou em Manaus em 4 de janeiro de 1890 e, logo integrou a alta administração do Estado. Ele era uma figura já conhecida dos grupos de movimentos republicanos por grande dedicação à causa.
Naquele dia 14, na antiga Chácara Pensador, localizado na estrada de Flores, Manaus perdia o seu benemérito construtor, o seu maior administrador. A sua morte em terra baré também prossegue emblemática. Mistérios ainda envolvem seu desaparecimento. Um deles, o fundamento pelo qual o óbito não foi registrado no cartório. O falecimento de Eduardo Ribeiro continua e continuará em mistério. O local do seu falecimento foi justamente a sua Chácara “O Pensador”.
A chácara O Pensador, local onde residiu e morreu Eduardo Ribeiro ficava na área que hoje é o Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, Fundação HEMOAM, Centro de Convenções Vasco Vasquez, Arena da Amazônia, Vila Olímpica, aquela região alí toda. Do do outro lado da rua, na altura que hoje é o Baianos, era a estação final do Bonde de Manaus à época, na avenida Constantino Nery, no bairro Chapada, em Manaus.
Essa foto abaixo é de uma publicação de 1899 (Arthur Caccavoni – Álbum Amazonas). É possível ver o quarto onde o então governador suicidou-se (ou até mesmo foi assassinado) e é possível perceber que pela janela ser baixa, seria fácil entrar e sair do aposento.
Os dados históricos apontam que a moradia do Eduardo Ribeiro foi somente sua chácara (hoje Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro), pois não há iconografia e nem documentos que provem seu endereço em outra localização. Também não há precisão quanto à data de construção da casa, para isso necessitaria uma investigação específica, pois nem sempre os anos que aparecem nas cartelas de casas antigas comprovam a real data. Tais dados entram em contradição com o material de divulgação do Estado, especialmente quando afirma que o Palacete foi a “última moradia” do ex-governador. Vale sempre lembrar que o ex-governador foi enterrado no cemitério São João sem que fosse expedido pelo 1º Cartório de registro da pessoa natural, então o único existente na capital, a certidão de óbito.
Em 2013 o Jornal do Commercio trouxe uma notícia veiculada no jornal “O Paiz” que relatava a destruição deste imóvel em um “incêndio acidental”, no ano de 1908 ainda.
Em 1923, o local da Chácara o Pensador, passou a funcionar o então chamado Asilo de Mendicidade, mudando de nome para Colônia de Alienados Eduardo Ribeiro, até que, em 1982, aos 22 de julho, foi publicada no Diário Oficial do Estado, sob o Decreto Governamental n. 6.472, a criação do Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro – CPER, situado na Avenida Constantino Nery n. 4.307, Chapada – Manaus/Amazonas.
Abaixo é possível ver a perspectiva da ex-chácara O Pensador e que passou a ser o Asilo de Mendicidade, localizada em Flores, que abrangia toda a área onde hoje está a Arena da Amazônia, Vila Olímpica, Hospital Tropical, etc. Fotografia tirada na década de 1930.
O local então foi limpo e a foto abaixo foi registrada.
Se você quiser conhecer um pouco mais sobre a história do Eduardo Ribeiro, visite o Museu Casa Eduardo Ribeiro – Palacete Bretislau de Castro, na rua José Clemente, 322 – Centro. Lá possui um acervo de móveis e utensílios domésticos, objetos de uso pessoal, instrumentos de trabalho, vestuários e uma reprodução de uma charrete, todos típicos do final do século XIX e começo do século XX. Ainda há o acervo textual da vida profissional (mensagens, relatórios e fotos) do Eduardo Ribeiro, além de engenheiro, como jornalista, militar e político.