Na última sexta-feira (24) às 11h da manhã, no horário de Brasília, o Brasil assistiu estarrecido as declarações pesadas feitas pelo então Ministro da Justiça e Cidadania Sérgio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro. Após expor suas verdades em coletiva de imprensa convocada pelo próprio Moro, ele pediu para sair. Essa foi a nona vez que um ministro deixa o cargo no governo Bolsonaro.
No fim da tarde, às 17h, foi a vez do Presidente Bolsonaro expor as suas verdades contra o seu então aliado. Bolsonaro falou por quase uma hora assuntos aleatórios e no final tentou ler uma carta de 3 páginas sem muito sucesso.
Se você não assistiu as declarações, colocarei no final do texto para que você as veja. O que ficou claro, porém, é que quem mais ganhou foi o Brasil! Por quê? Porque o que foi dito por ambos é impossível de aceitar enquanto cidadão brasileiro. Cada um mostrou o seu pior lado e o pior lado do outro. Impossível eles seguirem juntos ou mesmo pensar num futuro juntos. Moro se sentiu traído por perceber que era carta fora do baralho e Bolsonaro se sentiu com coração quebrado por ter se aberto à Moro e não ter sentido o mesmo por parte do ex-juiz da Lava Jato. Após toda a lavada de roupa suja, a gente fica sabendo quem é quem. Melhor um inimigo declarado, do que um amigo disfarçado.
Moro, entre outras coisas, disse que o Bolsonaro queria interferir na Polícia Federal por questões políticas, que pedia informações de relatórios policiais em curso, que nem a ex-presidente Dilma fazia isso em plena Lava Jato. As acusações de Moro tiveram forte impacto nos meios político e jurídico, e a defesa da saída de Bolsonaro do governo voltou a ganhar corpo. O presidente já é alvo de mais de 20 pedidos de impeachment na Câmara, relacionados a casos anteriores. Agora, com as revelações de Moro, novas representações foram apresentadas.
Bolsonaro tentou desqualificar Moro e dizer que quem manda no Governo é ele e ele jamais pedirá qualquer autorização para nomear quem ele queira, em qualquer cargo que ele queira. Basicamente foi “Minha presidência, minhas regras”. Disse que Moro faltou com verdade quando fez insinuações que ele queria mexer politicamente na Polícia Federal e disse que o Moro aceitou trocar o Valeixo, desde que ocorresse após Novembro, depois que o Bolsonaro tivesse indicado Moro para o Supremo. Logo, que na real o Moro queria mesmo era tirar vantagem pessoal e não ajudar na construção de um país menos corrupto.
Se não bastasse o Brasil estar mergulhado em uma crise sanitária de fortes impactos sociais e econômicos, agora enfrenta uma instabilidade institucional. Quem mais ganhou foi o Brasil. Ganhou mais uma crise para enfrentar. É como uma vez disse a ex-presidente Dilma Roussef em uma das suas loucuras filosofadas: “Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder.”
Seguem pontos chaves sobre cada pronunciamento.
Verdades ditas pelo Sérgio Moro
- Moro disse que partir do segundo semestre [de 2019] passou a haver uma insistência do presidente Bolsonaro na troca do comando da PF.
- Moro afirmou que sai do ministério para preservar a própria biografia e para não contradizer o compromisso que assumiu com Bolsonaro: de que o governo seria firme no combate à corrupção.
- Moro afirmou ainda que ao contrário do que aparece no “Diário Oficial”, ele não assinou a exoneração de Valeixo, nem o diretor-geral da PF pediu para sair.
- Segundo Moro, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) mentiu ao dizer em uma rede social que a exoneração foi “a pedido”.
- moro disse que tomou conhecimento do fato através do Diário Oficial e que foi surpreendido e achou que isso foi ofensivo.
- Ele disse ainda que, esse fato, demonstrou que Bolsonaro queria vê-lo fora do governo.
- O presidente também me disse que tinha preocupação com inquéritos no STF
- Em outro momento do anúncio, Moro disse que Bolsonaro manifestou preocupação com inquéritos em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
- De acordo com Moro, a troca na PF seria “oportuna” para Bolsonaro por causa desses inquéritos.
- Moro também disse que, quando foi convidado por Bolsonaro para o ministério, o presidente lhe deu “carta-branca” para nomear quem quisesse, inclusive para o comando da Polícia Federal.
- Moro chegou a se emocionar e a ficar com a voz embargada. Foi quando ele disse que havia pedido ao presidente uma única condição para assumir cargo: que sua família ganhasse uma pensão caso algo de grave lhe acontecesse no exercício da função.
- Moro saiu porque não poderia escolher os cargos de confiança dele, como havia sido dito à ele no momento do convite e que ele teria “carta branca” no combate à corrupção.
- Presidente ameaça trocar Diretor Geral e homem de confiança de Moro da Polícia Federal;
- Moro disse que não aceitaria e que fazer isso sem motivo, seria apenas politicagem;
- Bolsonaro disse que era isso mesmo;
- Moro disse então, que poderia apontar outro nome;
- Bolsonaro disse que não precisava se preocupar e já tinha um nome na cabeça;
- Na madrugada de hoje (24), exoneraram o Maurício Valeixo sem o Moro saber.;
- Moro disse que ficou sabendo pelo Diário Oficial e achou aquilo ofensivo;
- Moro entendeu que ele não era mais importante para o grupo;
- Moro entregou que Bolsonaro ficava ligando pedindo informações de processos investigativos e que não repassava. Porém, o que passava foi premiado;
- Moro antes de sair, dissolveu mais uma boa parte da base do presidente Jair Bolsonaro, que pensava que o presidente era diferente.
Verdades ditas pelo Presidente Bolsonaro
- Bolsonaro disse que não sabe nem em quem o Moro votou no 1º turno;
- Disse que não precisa pedir permissão de ninguém para trocar qualquer cargo que seja;
- Citou caso Marielle, caso Queiroz, caso da Mãe e da Avó da mulher dele a Michelle, caso Adélio, Que desligou os Leds da Piscina e disse que nunca interferiu na Polícia Federal;
- Disse que o Weintrabu apanha todo dia e que o filho 04 , que ele nem sabe a idade do moleque, é pegador de condomínio;
- Ele não entende o que aconteceu com o Moro;
- Disse que o Valeixo afirmava desde Janeiro que estava cansado e que queria sair;
- Disse que sempre abriu o coração para o Moro, mas desconfia se o Moro abria o coração dele pra ele;
- Disse que conversou poucas vezes com o Valeixo, e que as poucas vezes que conversou com ele, sempre o Moro estava junto;
- Citou que Moro queria que a indicação fosse dele. Bolsonaro questionou : “Por que sua e não minha?”;
- Afirmou que de fato ele interage com os órgãos de inteligência, mas nunca interferiu.
- “Você pode trocar o Valeixo sim, mas em novembro, depois que o senhor me indicar para o Supremo”, disse Bolsonaro sobre o Moro.
- Bolsonaro disse que é desmoralizante ouvir isso e principalmente externar sobre isso.
- Bolsonaro falou como Messias e disse que “Ainda hoje vocês conhecerão quem não me quer na Presidência. Ele não é político ou da justiça. Vocês conhecerão às 11h da manhã”
- Bolsonaro disse que ficou indignado com a posição do Sérgio Moro e que não são verdadeiras as insinuações sobre ele querer saber das investigações em andamento;
- Falou também que não poderá aceitar confronto com nenhum Ministro seu e quem manda é ele;
- Finalizou dizendo que confia nos seus ministros e seu compromisso é com o Brasil.