O ano era 1976 e a cena do maior acidente rodoviário já ocorrido no Estado do Amazonas se deu na AM-010, estrada que liga Manaus à Itacoatiara. Conhecida pelas suas curvas perigosas, a AM-010 até hoje continua fazendo vítimas fatais.
Naquele ano, um grupo de viajantes saia de Manaus em direção à Itacoatiara para votar e aproveitar o feriado de 15 de Novembro. O ônibus de numeração 0546 da empresa Soltur (Solimões Transportes e Turismo), dirigido por José Aurélio Duarte, saiu pontualmente de Manaus à meia noite de 14 de novembro de 1976 entrou definitivamente na História do Amazonas. Todos viajavam confortavelmente em um ônibus rodoviário da empresa Soltur – o primeiro com ar condicionado a fazer essa linha, quando o ônibus mergulhou nas águas escuras do rio Urubu. Justamente onde hoje é a ponte “Mamoud Amed”.
Devido o ônibus ter ar-condicionado as janelas eram lacradas e a única que não era, era a última. O fato ocorreu por volta das 04:30 da manhã.
Foi aí que o desespero começou. Aqueles que não morreram com o impacto, lutaram para sobreviver enquanto um cardume de piranhas e candirus invadiram o ônibus após a dissipação de muito sangue nas águas do rio atraindo os peixes. As piranhas devoraram as vítimas do acidente e na tarde do dia 14, quando as vítimas foram retiradas do ônibus, estavam desfiguradas e com esqueletos expostos. Eles haviam sido comidos por piranhas, e perfurados por candirus, principalmente as mulheres, que tiveram as partes íntimas, seios, e rostos deformados, até por terem a pele mais fina que a do homem.
O fato foi tão chocante que inspirou um documentário na série ” Monstros do Rio”, estrelada por Jeremy Wade. Wade foi atrás de sobreviventes e o resultado foi um episódio incrível sobre o acidente do Rio Urubu ocorrido em 1976.
O documentário está focado no comportamento das piranhas, mas destaca em mais de 60% da produção, o acidente histórico que ceifou a vida de 39 pessoas no Rio Urubu. Apenas 6 pessoas conseguiram sobreviver. Vale ressaltar que à época a travessia desse rio era muito perigosa e feita por balsas puxadas a cabo. Foi inclusive, por isso que o acidente ocorreu.
De acordo com o motorista, o freio do ônibus não funcionou e ele não conseguiu evitar que o ônibus entrasse nas águas.
“Era o quinto carro do dia, e a balsa tava no meio do rio. Quando eu cheguei a uns 100 metros da guarita de onde controlavam a balsa, limite para eu parar o ônibus, eles [balseiros] jogaram luz, com uma lanterna, para que eu me aproximasse da beira do rio para embarcar na balsa, eu fui reduzindo a velocidade do veículo, e quando eu procurei freio… cadê mais? Depois da plataforma onde a balsa encostava, tinham de 15 a 20 metros de profundidade, e eu não sabia. Aí, o ônibus entrou no rio, depois foi afundando”, conta o motorista José Aurélio, em entrevista exclusiva à equipe do Portal Amazônia, 41 anos depois do acidente.
Quem quiser ler detalhadamente o fato, recomendo a leitura dessa matéria aqui : “Filme de terror” na Amazônia: conheça a história do acidente rodoviário que resultou em 39 corpos deformados por piranhas.
Abaixo, tem o documentário do ‘Monstros do Rio’ que apresenta cenas perturbadoras, depoimentos de pessoas da cidade de Itacoatiara e imagens que fazem nos lembrar de um momento trágico de nossa historia.